O bloqueio do sistema SWIFT pode prejudicar a economia global.

A expulsão da Rússia de um importante sistema financeiro global lançará uma sombra sobre a economia mundial, que já foi prejudicada pela pandemia da COVID-19, disseram especialistas.

Os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá e a União Europeia anunciaram em comunicado conjunto no sábado que "bancos russos selecionados" serão removidos do sistema de mensagens SWIFT, sigla para Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais.

Segundo o comunicado, esses bancos russos afetados, sobre os quais não foram divulgados detalhes adicionais, serão "desconectados do sistema financeiro internacional".

A SWIFT, com sede na Bélgica e fundada em 1973, é um sistema de mensagens seguro usado para facilitar transferências internacionais de dinheiro, em vez de participar diretamente dos pagamentos. Ela conecta mais de 11.000 bancos e instituições financeiras em mais de 200 países. Em 2021, processou 42 milhões de mensagens financeiras por dia, um aumento de 11,4% em relação ao ano anterior.

Um artigo de opinião publicado em maio do ano passado pelo think tank Carnegie Moscow Center descreveu a expulsão do sistema SWIFT como uma "opção nuclear" que atingiria a Rússia com particular intensidade, principalmente devido à dependência do país em relação às exportações de energia denominadas em dólares americanos.

“O corte interromperia todas as transações internacionais, desencadearia volatilidade cambial e causaria saídas maciças de capital”, segundo a autora do artigo, Maria Shagina.

Yang Xiyu, pesquisador do Instituto Chinês de Estudos Internacionais, afirmou que excluir a Rússia do sistema SWIFT prejudicará todas as partes envolvidas, incluindo os Estados Unidos e a Europa. Tal impasse, se persistir, afetará seriamente a economia mundial, disse Yang.

Tan Yaling, diretora do Instituto de Pesquisa de Investimentos Cambiais da China, também concordou que os EUA e a Europa sofrerão muita pressão com o corte do acesso da Rússia ao sistema SWIFT, visto que a Rússia é uma das principais exportadoras de alimentos e energia do mundo. A expulsão pode ser de curto prazo, já que a suspensão do comércio resultaria em um impacto negativo bilateral no mercado globalizado.

A UE é a maior importadora mundial de gás natural, com 41% do volume importado anualmente proveniente da Rússia, de acordo com o departamento de energia da Comissão Europeia.

A ênfase em "bancos selecionados", em vez de todo o sistema bancário russo, abre espaço para que a UE continue importando gás natural da Rússia em dólares americanos, afirmou Dong Ximiao, pesquisador-chefe da Merchants Union Consumer Finance.

De acordo com especialistas da Guotai Jun'an Securities, mais de 95% das transações internacionais denominadas em dólares americanos são processadas combinando os serviços da SWIFT e do Clearing House Interbank Payment System, com sede em Nova York.

Hong Hao, diretor-geral da BOCOM International, afirmou que a Rússia e a maioria das economias europeias terão que evitar pagamentos em dólares americanos se desejarem continuar o comércio de gás natural após a entrada em vigor de tal expulsão, o que acabaria por abalar a posição dominante do dólar americano no mundo.

A SWIFT cortou sua conexão com o Irã em 2012 e 2018, e uma medida semelhante foi tomada contra a República Popular Democrática da Coreia em 2017.

Tan, do Instituto de Pesquisa de Investimentos Cambiais da China, enfatizou que as medidas tomadas contra o Irã e a Coreia do Norte foram completamente diferentes da expulsão da Rússia, dado o tamanho econômico e a influência global desta última. Além disso, o cenário econômico mundial era diferente nos casos anteriores, já que as medidas foram tomadas antes do impacto da pandemia, afirmou Tan.

Por SHI JING em Xangai | CHINA DAILY | Atualizado: 28/02/2022 07:25


Data da publicação: 28/02/2022
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